A promiscuidade entre partidos e empresas públicas é o nó górdio da corrupção que marca a nossa vida política. Se queremos diminuir a intensidade da corrupção, então, temos de privatizar essas empresas, as esquinas onde os corruptos gostam de cochichar. E, como se vê, estas privatizações não devem obedecer a critérios económicos, mas sim a critérios de ética política: sem estas empresas no rol do Estado, os senhores dos partidos ficam sem os lugares onde é possível meter a política e os negócios na mesma cama.
Expresso, Novembro 2009
Eu ajudo: a "golden share" serve para garantir um monopólio que desvirtua o mercado; um monopólio que beneficia os accionistas mas que prejudica o resto da sociedade. E os nossos queridos líderes justificam sempre da mesma maneira a existência da "golden share": "é necessário", dizem eles, "manter os centros de decisão em Portugal". Caro leitor, faça uma coisa quando voltar a ouvir esta frase: saque da pistola. Este nacionalismo económico não defende o interesse nacional; só defende os interesses dos accionistas destas 'empresas' (não esquecer as aspas).
Expresso, Junho 2008
Mais: a CGD, por exemplo, se "quiser" manter-se pública não pode ter participações como as que actualmente tem (BCP, etc). Se quer investimentos financeiros, vá investir lá fora em empresas que não tenham um único dedo no que quer que mexa no rectângulo. É preciso romper com muita coisa.