Wednesday 10 February 2010

Nem mais

Na oposição, à falta de acção pelo Presidente da República, pelo próprio governo ou pelo partido que o apoia, há que mostrar em termos claros que não se é conivente com a situação. Se isso implicar uma moção de censura ou mesmo eleições antecipadas, que eventualmente não desejem, so be it. Se depois de eleições tudo ficar na mesma, o que parece improvável, então o país terá o governo que (aparentemente) merece; e será apenas uma questão de tempo até o regime ruir e a espiral descendente bater no fundo. Miguel Botelho Moniz

O argumento de que "nem pensar deixar cair o Sócrates" (do destacado animador deste circo que é Marcelo Rebelo de Sousa), com os riscos da crise financeira e tudo o mais, peca não só pela omissão deontológica mas também por ser um cálculo errado quanto ao que realmente importa: o médio e longo prazo.
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Enquanto se compactuar com um estilo de política mentirosa, tentacular e interesseira quanto ao curto prazo, vamos navegar de crise em crise. Ai o defice é de 10%? Não tem problema, em 3 anos resolve-se isso! Não se resolve coisa nenhuma. Os decisores políticos de agora saltam para os BCPs e Motas Engil do futuro, e vem mais outros continuar o estilo de política anterior. A tentação é grande e estranho seria ver outra coisa. Isto não significa um apelo a que quem quer que seja para "pôr isto na ordem". Mas sem um "corte" significativo com uma certa forma de fazer política o longo prazo será igual ao que temos agora. Não é só o PS que tem culpas no cartório (por exemplo, Morais Sarmento devia ter alguma vergonha na cara e calar-se), embora as mentiras e as manipulações de Sócrates e dos seus beatos batam recordes uns atrás dos outros.