Passos Coelho desiludiu no debate de ontem, essencialmente pela falta de genuidade sempre que fala, secundariamente pelos ataques baixos que dirigiu ao seu adversário. A preparação por detrás de tudo o que diz é óbvia, mas soa tudo tão artificial e emprestado de outros que se torna impossível não reter o vazio original deste candidato a primeiro-ministro, mais do que o empenho em estudar os dossiers e em preparar-se. Um político precisa de bons conselheiros mas se não for mais do que a soma deles não serve para nada. Não precisamos de um "roberto" em S. Bento.
Rangel esteve bem em não se calar perante as investidas baixas de Passos Coelho, respondendo a cada uma das "bocas" por ele lançadas. Uma das supostas vantagens de Passos Coelho - os 30 anos de PSD que ele leva, e que lhe deram um bom poder comunicativo e a pose de jotinha vintage -, é um handicap para governar o país no actual momento. Como se sugere aqui, a mudança que ele preconiza é pouco mais que um regresso ao passado, do regresso a um discurso leve e fácil de digerir mas que prolongará o declínio e o adiamento de algumas rupturas necessárias. Se os militantes do PSD se preocuparão com isso é outra questão.